Segundo Vítor da Fonseca (2009) a disortografia acontece quando o individuo manifesta perturbações nas operações cognitivas de expressão e sintaxe, em que este apesar decomunicar oralmente, de poder copiar e escrever palavras quando estas são ditadas não consegue organizar nem expressar os seus pensamentos segundo as regras gramaticais.
Assim, podemos definir a disortografia pela existência de grandes dificuldades ao nível da produção de textos escritos sendo que, a criança disortográfica não tem que forçosamente de ler também mal.
A Disortografia acarreta uma série de erros sistemáticos na escrita e na ortografia (Rebelo, 1993; Pinto, 1994; Torres e Fernandéz, 2001), os quais se podem dividir em diferentes categorias (Torres e Fernandéz, 2001).
CARACTERÍSTICAS
A Disortografia caracteriza-se por troca de fonemas na escrita, junção (aglutinação) ou separação indevidas das palavras, confusão de sílabas, omissões de letras e inversões. Além disso, dificuldades em perceber as sinalizações gráficas como parágrafos, acentuação e pontuação.
- Erros linguístico-perceptivos: substituição de fonemas vocálicos ou consonantes pelo ponto ou modo de articulação semelhantes; omissões e/ou adições de fonemas, sílabas ou palavras inteiras; inversões de sons por incapacidade de seguir a sequência dos fonemas.
- Erros visuo-espaciais: substituição de letras que se diferenciam pela sua posição no espaço; substituição de letras semelhantes nas suas características visuais; escrita de palavras ou frases em espelho; confusão em palavras com fonemas que admitem dupla grafia (ex: ch/ x); omissão da letra h por não ter correspondência fonética.
- Erros visuo-analíticos: dificuldade em fazer a síntese e a associação entre fonema e grafema, resultando em trocas de letras sem qualquer sentido.
- Erros de conteúdo: dificuldade em separar sequências gráficas pertencentes a uma dada sequência fônica – união de palavras, separação de sílabas que compõem uma palavra, união de sílabas pertencentes a duas palavras.
- Erros referentes às regras de ortografia: não colocar m antes de p, infringir regras de pontuação, não respeitar as maiúsculas após o ponto ou no início do texto, não hiefinizar nas mudanças de linha.
Segundo Torres (2002) podemos distinguir sete tipos de disortografia:
- Temporal: a criança não é capaz de ter uma perceção clara dos aspetos fonémicos da cadeia falada com a respetiva ordenação e separação dos seus elementos.
- Perceptivo-Cinestésica: incapacidade da criança repetir corretamente os sons escutados, com substituições no modo de articulação dos fonemas.
- Cinética: dificuldade em ordenar e sequenciar os elementos gráficos que gera erros de união e separação.
- Visuo-Espacial: existem alterações percetivas da imagem dos grafemas.
- Dinâmica: presença de alterações na expressão escrita das ideias e na estruturação sintática das proposições.
- Semântica: a análise indispensável para o estabelecimento dos limites das palavras está alterada.
- Cultural: presença de uma grave dificuldade na aprendizagem da ortografia convencional ou de regras.
- Não tem vontade de escrever;
- Quando tem que escrever, fica ansiosa e com medo de errar;
- Não entende por que não consegue acertar;
- Compara-se com outras crianças da classse;
- Consequente baixa autoestima.
Sinais característicos apresentados pela criança com disortografia
- Quando tem que escrever, fica ansiosa e com medo de errar;
- Não entende por que não consegue acertar;
- Compara-se com outras crianças da classse;
- Consequente baixa autoestima.
Exemplo de disortografia com aglutinações, omissões e separação indevida de palavra:
Muitas destas alterações intercalam a disortografia com a dislexia, de modo que para muitos autores a disortografia é apontada como uma consequência da dislexia.
Sugestões de Ações e atitudes adequadas do professor e dos pais para melhorar o desempenho da criança disortográfica (disléxica ou não)
- Evitar o uso de canetas vermelhas na correção dos cadernos e provas;
- Dizer para a criança que, com paciência, perseverança, exercício e apoio, ela será capaz de melhorar seu desempenho;
- Usar material multissensorial para estimular seus sentidos, especialmente o tato e a audição.
- Escrever sobre uma folha plástica grande, com mostarda, creme de barbear, gel para cabelo;
- Com o dedo: escrever com tinta a dedo e / ou com anilina diluída em mingau de água com maisena sem açúcar, com um pouco de sal para durar mais tempo na geladeira (você pode separar o mingau em três ou mais potinhos para fazer cores variadas);
- Construir palavras com letras, blocos ou peças de madeira;
- Projetor e sistema de som. (Atenção às crianças com Transtorno de Déficit de Atenção / Hiperatividade - TDAH. Alguns destes estímulos podem se excitantes demais.)
- Trabalhar os grafemas em papel quadriculado grande, com letras que ocupem toda a folha e ir diminuindo o tamanho aos poucos, à medida que a criança adquire autonomia na escrita do estágio trabalhado. Isso pode ser feito com um modelo ao lado da folha para que ela o imite, ou pontilhar a letra na própria folha da criança para que ela a cubra;
- O professor deve procurar se manter calmo diante dos erros ortográficos e gramaticais persistentes e acreditar na capacidade da criança de aprender;
- Estimular a memória visual da criança por meio de quadros com letras do alfabeto, números, famílias silábicas;
- O professor deve certificar-se de que compreende o que a criança precisa e ajustar o material ao estilo de aprendizagem dela;
- Usar exercícios de trava-língua, promovendo a consciência fonológica da criança com dificuldade em leitura, escrita e ortografia.
- Brincadeiras, jogos ou movimentos corporais com parlendas, que são conjuntos de palavras com arrumação rítmica em forma de verso, que podem rimar ou não. A parlenda melhora a memorização.
Gostei muito!
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